Para começar meu primeiro texto no blog, fiquei pensando em diversos temas, mas decidi falar um pouco sobre o nosso corpo. E não apenas o corpo, mas como lidamos com ele e de que forma ele interfere em outros aspectos do dia a dia.
A
sociedade hoje em dia, cada vez mais valoriza a magreza e o corpo extremamente
malhado e perfeito, transformando a gordura cada vez mais, em uma espécie de
símbolo de falência moral. O nosso corpo nada mais é que a nossa identidade
pessoal, e sendo assim, sentir vergonha do próprio corpo seria equivalente a
sentir vergonha de si mesmo.
Existe
atualmente certa cobrança pela felicidade, essa dada como uma obrigação, um
dever de que o ser humano deve ser constantemente feliz, sociável e que exale
felicidade e otimismo o tempo todo. A relação com a materialidade corporal
também entra com bastante importância nesse aspecto, uma vez que a obsessão
pelas boas formas físicas e, ainda, a ânsia por encarnar na própria pele a
perfeição, acaba por punir o homem e cobra-lo de uma perfeição que na verdade
não existe.
Do
ponto de vista mais sociológico, o estigma que sofremos com a perfeição
constante pode ser tão ou mais prejudicial que inúmeros problemas de saúde. A
beleza física e o corpo, muitas vezes são distorcidos, sendo como se sua
identidade estivesse reduzida àquilo.
A
organização mundial de Saúde define saúde como: um estado de completo bem-estar
físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças ou enfermidades. Logo, é possível
compreender que estar saudável, ou no sentido mais amplo disso tudo, estar
feliz, não se resume apenas a uma imagem que é passada aos outros. Afinal,
quando estamos bem consigo mesmo, isso reflete pelos poros, pela pele e pelo
olhar.
Temos que impedir que o corpo se transforme em
mercadoria de consumo, como muitas vezes somos influenciados com revistas,
filmes, novelas e a mídia em geral. A nossa relação com o mundo externo e interno
tem de ser harmônica, e isso é muito importante principalmente para nós da
nutrição, pois muito além de prescrição de dietas temos em mãos o ser humano, e
toda sua complexidade, que com certeza não se reduz aos quilinhos a mais.
"Cada um ali vive intensamente sua vida, lhe dá um peso que
equivale à imagem que fazem de si e as suas expectativas sobre os outros. Cada
um ali se defronta com a leveza quando se despem disso...”
(A insustentável leveza do Ser; Milan Kundera).