segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Macaxeira metida a besta!


Esses dias conheci o interior de Pernambuco em uma viagem a trabalho, e como trabalho com alimentação e nutrição, meu foco no sertão não poderia ser outro. É sensacional conhecer os diversos hábitos alimentares, como pode dentro de um mesmo país haver tanta diversidade! Carne de bode, feijão de corda, carne de sol com macaxeira, arroz de leite. Oh delícia! Seria melhor ainda se as pragas dos Alimentos Ultraprocessados (AUP) não estivem presente em cada canto da cidade interiorana. Que epidemia é essa que os AUPs estão em todo lugar? Acompanhados da epidemia da obesidade em que vivemos atualmente. Não basta as grandes cidades, no interior do nordeste, barcos de empresas que levam os AUPs em regiões ribeirinhas no Amazonas. E como fica a cultura alimentar da região? E a economia da produção regional de alimentos? Afinal de contas, como ficam a soberania alimentar de um povo e sua segurança alimentar e nutricional? Sempre me esforço para observar antropologicamente a alimentação de uma população, mas meu viés sociológico sempre me distrai. Nessa viagem fiquei me perguntando porque raios esses alimentos são acessíveis, baratos e para muitos, saborosos, a ponto de uma cultura alimentar ser esquecida? A quem esses AUPs de fato alimentam? Devemos valorizar mais nossa alimentação, nossas raízes. Fazer como a Bolívia, onde a maior rede de fast-food faliu. E só não conseguiu impor sua gastronomia norte-americana entre os bolivianos por estes terem sua cultura alimentar fortemente defendida.

E a cultura alimentar do brasileiro? Pensemos um pouco com qual frequência comemos nosso ‘típico’ arroz e feijão...e os refrigerantes...os salgadinhos de milho...as bolachas de chocolate recheadas. E com que frequência encontramos frutas durante a correria do dia-a-dia para um lanche da manhã? E quando encontramos, qual o seu preço. Mais barato que uma bolacha? Enfim, o tal do ambiente obesogênico, as propagandas das indústrias de alimentos, o desestímulo em consumir nossos alimentos regionais...e assim vamos perdendo nossa identidade alimentar.

Por que não ser mais adepto ao baião de dois, a tapioca com mateiga, tacacá, acarajé, bolo de piracuí, macaxeira metida a besta (adoro o nome desse prato!), arroz de carreteiro, maniçoba, tucupi, doce de cupuaçu, beiju, bolo de pupunha, moqueca capixaba, pamonha, mocotó e uma infinidade de preparações regionais! Que alimentam nossa cultura, constroem nossa identidade que é plural!

Antes de finalizar, deixo a receita desta, Macaxeira Metida a Besta!


Ingredientes:

  • 1kg de macaxeira
  • Sal a gosto
  • 2 1/2 xícaras (chá) de farinha de mandioca
  • 4 xícaras (chá) de óleo 
  • 1 xícara (chá) queijo de coalho ralado grosso
  • 1 1/2 xícara (chá) de carne seca dessalgada e desfiada
  •  2 colheres (sopa) de manteiga
  • 1 colher de salsinha picada


Modo de preparo:

 Descasque as macaxeiras e corte-as em pedaços de 10cm.  Cozinhe com o sal até ficarem macias.  Corte-as em tiras de 1cm de largura e passe-as na farinha de mandioca. Aqueça bem e frite-as.  Retire e coloque em papel toalha para tirar o excesso de óleo.  Arrume a metade da macaxeira em uma travessa e polvilhe com o queijo.  Coloque a outra metade, cubra com carne seca e polvilhe com mais queijo.  Leve ao forno preaquecido a 180C para dourar.  Tire do forno, pincele com manteiga e polvilhe com a salsinha.  Sirva em seguida. 

Bom apetite! 

Maria Eunice Waughan
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